Este blog irá utilizar o equipamento de autoclave como modelo de referência deste artigo mas o contexto em que ele está inserido pode ser estendido a todos os demais equipamentos utilizados em unidades de saúde de nosso país.
Quando pesquisamos por acidentes em hospitais com autoclaves, em todas as matérias encontradas existem relatos de não conformidades, como a explosão de uma autoclave, e apresentam as características da unidade de saúde onde estava instalada, os danos causados, e o número de mortos e de feridos, quando é o caso. Mas nenhuma reporta as causas que levaram ao acidente em si. Vejam os exemplos de matérias publicadas ao longo dos anos:
24/04/1999 - https://www.folhadelondrina.com.br/geral/explosao-destroi-parte-de-hospital-146761.html
17/04/2001 - https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u27162.shtml
12/01/2019 - https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2019/01/12/funcionaria-fica-ferida-apos-equipamento-de-esterilizacao-explodir-em-hospital-de-ilheus.ghtml
São 20 anos de intervalo entre a primeira e a última notícia. Com certeza, quando tratamos apenas de autoclaves outros vários acidentes foram noticiados. Mas a grande pergunta neste processo é o porque não se sabe a causa das não conformidades que levaram a estes incidentes?
Sim, podemos inferir várias questões técnicas e operacionais que levariam a acidentes como estes. Isso nos lembra da importância de uma manutenção preventiva e corretiva bem feita com técnicos credenciados e treinados pelo fabricante para a execução de um procedimento de manutenção condizente com a relevância da tecnologia. Isso também nos lembra da necessidade de um treinamento operacional da equipe técnica que irá manusear o equipamento nas rotinas hospitalares e laboratoriais, prevenindo e evitando a ocorrência de erros que podem levar a acidentes graves durante a rotina de serviços.
Por diversas vezes as unidades de saúde privilegiam o valor do contrato de manutenção em detrimento da qualidade do serviço a ser prestado. Pode-se perceber isto quando ocorre a quebra recorrente dos equipamentos, as vezes de 4, 5 vezes ou muito mais em um mês. Não entrando no mérito da ociosidade do equipamento e da equipe, e dos procedimentos que são interrompidos por falta de instrumentais, ainda existe o risco de acidentes. A máquina quebra porque as peças substituídas já são peças reutilizadas, ou mesmo são peças de qualidade inferior, ou ainda por falta de habilidade do técnico de manutenção na execução de sua tarefa.
Um outro ponto que poderia ser questionado é referente à administração da Unidade de Saúde. Esta unidade sabe ou tem conhecimento da qualidade do serviço de manutenção que ela esta contratando para seus equipamentos? Ela realiza treinamentos periódicos de seus funcionários para o uso adequado da tecnologia?
Quem sabe se os órgãos de fiscalização começarem a procurar as responsabilidades nos processos de cuidado com os equipamentos estes acidentes não ocorram mais, sem vítimas e até ocorra uma melhora na qualidade do serviço prestado. Também seria de bom entendimento a divulgação das causas dos acidentes para que as demais unidades de saúde possam se prevenir com medidas que impeçam a ocorrência de incidentes semelhantes.
Reflitam sobre isso e nos escreva. Abraços!!!