quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Saúde em Perspectiva

As unidades hospitalares passam desde sempre por uma dificuldade ímpar em seus cuidados.
Certa vez, visitando um Estabelecimento Assistencial de Saúde de grande porte em uma capital brasileira, me indicaram uma estagiária da engenharia para me acompanhar.

Tivemos de subir as escadas até o sexto andar porque o fosso dos elevadores estavam alagados e, por isso, não estavam funcionando. Quando chegamos neste andar, eu parei no inicio de um de seus corredores e perguntei para a estagiária: "O que você está vendo?" Ela assustada com minha pergunta, parou, me olhou de forma assustada, e respondeu: "Um corredor?!"

Então, percebendo que a estudante estava sem entender o que eu queria dizer, perguntei novamente o que ela estava vendo. E, agora, sem se assustar respondeu: "Um corredor de enfermaria."

Sim, claro que era um corredor de uma das enfermarias do hospital, mas desta vez fui mais incisivo no questionamento, perguntando se ela, como aluna de uma universidade federal, de uma das engenharias, conseguia ver algo de errado naquele corredor de enfermaria. E, ela em sua simplicidade monossilábica, respondeu: "Não!"

Claro que ela não via nada de errado. Desde sempre ela conhece aquele hospital, da forma como ele se encontrava. Ela não sabia dizer o que havia de errado ali, pois já havia se acostumado e se anestesiado com aquele lugar.

Nesse momento eu comecei a comentar o que eu estava vendo:
- fiação elétrica exposta das luminárias e das tomadas
- calhas das lampadas tortas, quebradas e mal encaixadas
- tomadas quebradas e antigas
- pinturas mofadas, tanto das paredes, quanto do teto
- estrutura metálica das janelas enferrujadas e expostas
- vidros quebrados
- ferro das vigas de sustentação expostos e enferrujados
- piso sujo com lixo e quebrado
- portas sujas e quebradas

Bom, quando disse isso para a estagiária, ela ficou me olhando assustada. E novamente eu perguntei se havia algo de errado naquele corredor. E ela respondeu: "Eu nem gosto desta área hospitalar mesmo."

Veja a indiferença... a frustração com o que foi relatado para ela... e a fuga daquela situação.

Resumindo, enquanto todos nós olharmos para uma unidade de saúde e acharmos que está tudo perfeito, nada vai mudar. Enquanto treinarmos nossos jovens com exemplos toscos como o deste hospital, sem apresentar um olhar crítico sobre o ambiente e sua infraestrutura, nada vai mudar!!!

Temos de respeitar os profissionais de engenharia e de arquitetura e temos de dar condições adequadas para que esses profissionais possam fazer o hospital um lugar mais seguro, mais agradável e mais eficiente para quem ali está procurando um tratamento.

Espero que em 2018 nossos gestores abram os olhos para a valorização destes profissionais e desta forma trabalhem com planejamentos sustentáveis e confiáveis.

Abraço a todos!!! Feliz 2018!!!!